Quem não conhece aquele tipo de pessoa que parece não temer nada, cabeça sempre erguida, o corpo ocupando o espaço perfeito por onde passa, sem tropeços, sem meios termos, a visão sempre além, olhando para o futuro, encarando o que esta por vir, não existe indecisão, nem motivos para lamentar-se, não se surpreendem, tão pouco se distraem com o que quer que seja, ansiedades tolas definitivamente não fazem parte de seu cotidiano, afinal não existe tempo para tolices, apenas para a realidade. Quem não conhece alguém assim? Pois bem, sou o oposto disso.
Vagueio entre a realidade e a ilusão, tenho medo, muitos e de vários tamanhos, penso a cada passo e temo por todos eles, sou um poço de perguntas sem respostas, muitas delas não me servem de nada e incrivelmente conseguem atravancar-me o coração que permanece feito ancora em alguma questão que me esmorece o sentido de tudo, chego ao cumulo de perguntar-me o porquê de tantas perguntas, é essa a grande questão de tantos pensamentos.
Acredito no impossível, e os que me acompanham sabem o quão essa crença pode ser perigosa. Levanto-me com ele, dormimos juntos, sorrimos, e as vezes a realidade o desfaz em questão de segundos, prometo não o querer mais, não flertar, mas quando retorno para casa ele esta a minha espera, sorrateiro e languido encostado na porta principal, não tenho como fugir, e então me deixo seduzir, fascinar, deixo-o entrar novamente em minha vida, permitindo a bagunça conhecida que faz morada em minha alma, tento aconselhá-lo para que tome mais cuidado ao se desfazer, mas ele é indomável chega como uma brisa e vai embora como um furacão, e quando menos espero lá esta: batendo em minha janela como alguém que foi convidado, não o abandono pois sei que por mais bagunça e indecisão que ele possa trazer, sua existência a mim é essencial e quando acontece faz um bem tão grande a alma quanto a vida.
O impossível é um pensamento forte que decidiu existir, é fé, é alma, é sonho e sonhar é a resposta do que somos, realizar sonhos é confirmar o que temos de melhor, de mais brilhante e sincero em nós.
Sigo amedrontada, roendo unhas, tropeçando, tentando me encaixar nos espaço onde a maioria se sente tão bem, e que a mim transborda facilmente, não pertenço a nenhum padrão, o que tenho é feito de coração e este segue apesar de tudo voltado para o bem. Não quero poder de mando, não quero matéria, tenho total desinteresse por tudo o que não é verdade, toca-me a fé, o encanto, minha busca é a conquista do que deslumbra os olhos, o reconhecimento do belo, do divino que a mim o qual estampo em brancas folhas que tantas vezes me causam paúra.
Será que todo dom assombra?
Seja como for estes fantasmas certamente serão dissipados pelos bons ventos que ainda hão de soprar e desta vez a melodia será regida pelo bater de asas dos pássaros que voam na chuva.
D.S.L