Encerram-se ciclos na terapia, no cinema, no bar, na igreja, em uma viagem… em um terreiro pedindo amarração e quando sério, quando amor, da entidade ouvir: segue em frente meu fio, amarração de amor como diz a música é mão dada, amor é liberdade!
Há quem recuse encerrar um ciclo, não admitindo a si e ao mundo que não deu… (As portas dos quartéis estão ai para provar isso!) Optam por não aceitar e então seguem a vertente da vingança, da imposição, da morte, da dor… “Ou fica comigo ou não fica com ninguém”. Não te permito viver se não for a meu lado… Eu escrevo… Sempre assim, desse jeitinho assim… Eu escrevo… Nem sempre de maneira doce, mas sempre de forma verdadeira, dando a mim o ponto final em uma escuta silenciosa que grita e chora.
Não seria diferente com você, principalmente com você, que tanta importância conquistou a cada dia, em dias tão difíceis e cruéis…
Despedir-me de ti dói, não é tarefa fácil, é dizer adeus querendo ficar, tendo que asfixiar um bem querer bonito, impondo cinza a cor de tantas flores.
Todos os dias que estive a teu lado me preparei para assistir a tua partida. Esse adeus, foi anunciado desde o dia em que você chegou, um mantra diário: é por um tempo, será somente por um tempo; e quando o tempo se esgotasse seria assim: esse vazio de dias, a falta da partilha, os olhos sensíveis a cada lembrança tua. Meu sorriso era mais alegre quando você coloria meu mundo com teu jeito exatas que se permitiu viver em poesia… Ainda que tudo em mim gritasse para te fazer ficar, ainda que você tenha esse jeito tão Zélia Gattai… Eu sabia que não iria conseguir conquistar a tua mão entrelaçada a minha em mais de uma primavera. Só o amor? Não é tão simples assim, e sentir nunca te bastou em um mundo cheio de coisas e gente as quais você precisa satisfazer. Eu, porta sempre aberta, sem rumo, com teto feito do azul do céu e garantia de pés descalços que tocam a terra, com sede de mar, de rio, de mato, de Bahia, deambulando em poesia, eu com água de chuva para curar e vela acesa para garantir, você precisando de casa, de filho, de véu e grinalda, de Paris, eu só tendo amor para oferecer… Eu só tendo amor para dar e umas palavras rabiscadas, e muito abraço, e tanta ternura, sem vergonha de amar, sem medo, sem contas a prestar para um mundo doente!
Você deve um nome a sociedade, eu mal tenho um sobrenome, e o que carrego só alimenta a fé, eu nasci de Jesus com muito orgulho! Você nasceu para tantas besteiras bestas de gente que se acha tanta coisa e raramente se encontra. Para você é preciso provar ao outro, a mim poucos importam.
Quis te falar de amor, do meu amor, dos olhos que esperaram por tanto tempo o vislumbre dos teus encantos, mesmo sem poder, ciente de que a vida não me daria tal permissão, confesso ter sonhado com você o sonho persistente de um banquinho de azulejos, mas não sou eu o teu sonho…
Você me tomou, o meu amor foi tão teu, e seria por todo tempo, para sempre, ainda que soe estranho e improvável, eu seria tua, por teus olhos, por teus lábios, pela tua doçura, pelo teu cheiro, pela tua história, eu seria tua…
Ficam nessas linhas, nessas palavras, nas lagrimas teimosas o que poderíamos ter sido, encerro aqui a nossa história que tem um fim feliz, o qual não fomos felizes para sempre, mas seremos felizes… À teu lado compreendi a tocar sem estar presente, a sentir distante, a ser saudade todos os dias… Queria ter visto os teus olhos mais de perto, ter tido teu abraço mais abraço, ter você, queria ter sido mais nós, mas não pode ser… Não pode ser… E tudo bem! A vida e seus porquês também tendem de criar hiatos.
Quero te falar que eu sei, que entendo, eu sei e você aprendeu a saber… A amar!
Seguirei por aqui, tomando cerveja em um bar, saindo para fumar na porta, em pé, como quem espera alguém chegar. Eu continuo! E qualquer dia desses esse alguém que tanto espero me convidara para dançar, e é uma pena que esse alguém não seja você.
Obrigada por tudo e por tanto! Sejamos felizes!
D.S.L