Perigoso pular de para quedas, sofrível caminhar a beira de um precipício, sol de mais em horários indevidos pode maltratar a pele, não vá muito fundo no mar, ainda que você saiba nadar a correnteza pode virar a guarda a qualquer momento…
A vida vira a guarda a qualquer momento e ninguém esta imune a isso, ainda que o movimento instaure o caos, como dizem os matutos tão sábios: tudo o que acontece de ruim é para melhorar, bobo mesmo é que não acreditar nisso e se deixar enlouquecer sem o encanto do riso, da dança, da festa, da vida enfim.
Não tenho coragem para pular de para quedas, caminhar a beira de um precipício, sol de mais? Pode esquecer… Definitivamente não sei nadar! Não tenho força para nada disso, nem mesmo motivação, pois a minha grande aventura é viver. Pular de olhos fechados e corpo entregue em um abraço, sentimento, momento… PHD em vislumbrar acontecimentos do patamar mais alto, e ainda que essa visão geral me maltrate, não sei ser de outra forma, não sei sentir senão assim, ainda que manter os olhos abertos muitas vezes dilacere a alma…
A luz me cega e mesmo assim não deixo de caminhar em sua direção, seja guiada pelo sol, orientada pela lua, embriagada por estrelas, entontecida pelo vento, ainda que em meio a chuva, com frio, e açoitada pela força das águas que Deus derrama para lavar minha alma, em uma espécie de limpeza que breve machuca, mas que eternamente liberta. Não conheço o raso. A contemplação, a paz, a plenitude caminha junto ao profundo, a raiz de tudo, ao fundo, sou um relicário.
O perigo pode estar mais perto do que se imagina, e uma hora ou outra você terá que encarar, e ainda que tenha noção do quanto ira doer, dói bem mais, e por muito tempo… Hoje precisei arrumar velhos armários, e mexer no passado é mudar o presente nem que seja por um minuto, pois varias lembranças estão conosco todos os dias, mas não as acessamos por medo, por fuga, não as acesso por não poder sentir essa saudade que hoje é inevitável, insuportável e insana.
Hoje preciso esconder meus olhos do resto do mundo, não há luz que os decifre, não a palavras que os defina, hoje eles são somente um labirinto negro e cheio de brilho, inspirando saudade, chorando lembranças e procurando respostas de perguntas tão antigas, tão inadequadas, tão precisas e necessárias as quais não gritavam a tanto tempo.
Preciso esconder meus olhos do resto do mundo, pois eles estão reproduzindo as fotografias de outrora, foram novamente rabiscadas as palavras que permanecem escritas em papeis de anos atrás, sentimentos antigos que definitivamente não fazem parte do passado, sorrisos que hoje atravessam a rua ao me avistarem, sentimentos perdidos neste meu vasto mundo que ninguém habita, de uma vida que já não existe mais, ainda que não sejam apenas lembranças… Ainda que as guarde, ou que me livre delas, sempre estarão aqui: em meus olhos, em meus sonhos, afinal todas elas me traduzem no que sou agora: um redemoinho de saudade e amor.
D.S.L