Qualquer informação referente a venda, invenção ou notícia futura sobre a criação de uma máquina do tempo, favor comunicar!
Recompensarei a informação com gratidão e uma quantia vultosa. Estou disposta a vender todos os meus pertences: isso inclui caixas repletas de folhas amareladas pelo tempo com escritas variadas, ricas em devaneios, sonhos, esperanças e amor, rabiscadas a mão, datadas de quando as maquinas ainda não haviam dominado tanto espaço, junto a tais escritas, fotos reveladas de uma vida repleta de boas e divertidas histórias, desfaço-me de três manuscritos não publicados, transfiro os direitos autorais de duas obras, entram na negociata dois quadros pintados recentemente, um tamborim, um berimbau e um violão velho e desafinado.
Caso a invenção já esteja disponível em algum mercado, seja ele “branco” ou “negro” pago o valor pedido sem delongas, acredito arrecadar boa quantia com o tesouro que possuo descrito no parágrafo anterior, mas se toda essa minha riqueza não for suficiente posso negociar meu tempo, o qual poderá ser partilhado junto ao proprietário da engenhoca a fazer-lhe companhia, ouvindo suas histórias, ansiedades, lembranças.
O preço não interessa, mas a eficácia da peça precisa ser comprovada, caso o inventor não queira se desfazer dessa maluca preciosidade tão rara, negocio o aluguel para utiliza-la para algumas viagens no tempo.
Antes que julguem que estou fora de meu juízo normal, afirmo-lhes: outro dia em minhas pesquisas conheci um ancião que testemunha ter viajado no tempo por três vezes, o mesmo garante que sua façanha fora possível por conta de um viajante egípcio, que em forma de gratidão por um ato de bravura frente a um assalto que o mesmo iria sofrer, lhe ofereceu as tais viagens como recompensa, porem o homem lhe pontuou algumas regras: ele não poderia tentar mudar nenhum grande acontecimento histórico da humanidade; não poderia levar nenhum artefato tecnológico; em cada viagem ele só poderia permanecer no momento escolhido por 60 minutos; e por último não utilizar de nenhuma informação para adquirir riqueza. O ancião concordou e pode viajar no tempo por três vezes, não burlou nenhuma regra, não me contou muito sobre as viagens, declarou somente que viajou para rever a mãe, a esposa já falecida, e a filha em uma apresentação de bale ainda na infância que ele não havia podido ir.
Preciso de uma máquina do tempo, duas a três viagens. Quero lhe encontrar moça, forte, te ver na beira de algum rio lavando roupa, cantando, ralhando com as meninas, quem sabe você não me permite ajudar carregar sua trouxa, quem sabe não proseamos um pouco, quero ver teu sorriso outra vez, não iria dizer quem sou, até porque você me desconjuraria, mas confesso que abriria os braços para um abraço, crente que o teu coração iria me reconhecer.
Viajaria para dez anos atrás, ano de dois mil e oito, deixaria uma carta para meu “eu” passado, pontuaria sobre algumas atitudes equivocadas, sem revelar as consequências, caberia a mim e somente a mim novamente tomar as decisões.
Encontraria você, em um ponto do tempo estudado com muito cuidado para que fosse possível e concreto nos salvar de nós mesmo, nos salvar desse hoje ferido o qual golpeia a esperança e nos distancia envoltos em uma tristeza de não saber como calar tanto sentimento, precisaria ser firme, te olhar nos olhos sem a embriaguez de te ver mais jovem novamente, sem a euforia de modificar um presente de saudades, voltaria no tempo para nos consertar, para tentar arrumar tudo bem direito, como precisa ser para acontecer feliz, e ainda que a liberdade nos desorientasse, ainda assim poderia dizer que tentei mais uma vez, e que ultrapassei até as barreiras do tempo para tentar segurar tua mão para sempre.
D.S.L