Faz muito, muito tempo, e jurei que não…
Não deveria. Definitivamente: não! Injustamente a vida teria me escolhido para descrever sobre, observar, contar e não viver, e que essa esperança não me acompanharia mais; Jurei… E quem jura é bem verdade menti, mas então prometi… Mas em dado momento ainda que desconfiada, duvidosa, incrédula modifiquei a promessa antes mesmo de você chegar e eis que talvez tudo tenha se transformado, o senhor universo sempre conspira aos nossos olhos despretensiosamente e de um capricho divino…
Aceito, ainda que temerosa: o que se sabe da vida é nada!
Pensei que o cortejo ao caminho do tumulo seria meu melhor caminho: enterra o coração, vive outros sonhos, almeje outras histórias. CHEGA! (assim mesmo, em letras gigantes e garrafais) mas não permita que cheguem próximo a sua porta, e para que não ocorra enganos, pendure uma placa: é proibido ultrapassar; Porem o universo não concordou, ventou forte, fez-se tempestade, chuva, gelo, poeira, cegou-me, endureceu todo meu corpo, fez-me rastejar, chorar, babar, ranger, fez-me profundamente triste, para enfim gritar e novamente me estremecer: é hora de fato de enterrar todos os seus mortos, todos, é hora de sair do luto e voltar a colorir, vai que teu caminho é o mesmo de Jorge, não o guerreiro, mas o Amado.
Perdoe-me a introdução tão longa, ainda que necessária, mas essas palavras não estão aqui nesta manhã para falar de mim… E que manhã linda! LINDA!
Despretensiosamente, assim desavisada, como um samba ao longe que nos faz ter vontade de mover os pés e dançar em qualquer lugar, assim como uma cantiga antiga de Cartola, assim, desse jeito assim: encantador, leve, pairando sobre o ar, um samba para curar o abandono e a tristeza como canta a bela Maria Rita… Uma dança que fez teu olhar me convidar, assim: mesmo assim, sem perceber, duvidando, o universo a você novamente ventou forte, cegou-te, e também quebrou a tua promessa, portanto que se faça uma nova, que se aceite o meu convite: _Vem partilhar… Vem ser doce, pois tudo o que busco é alguém que tenha resposta para a minha palavra predileta, e é tão simples, tão obviou, tão conspirante a todo esse mundo tão diverso e vasto:
Quero poder te dizer: Ir! E a você cabe somente responder (desse jeito assim tão doce): Vamos!
Deixa o ponto de interrogação de lado, deixa a realidade para concretizar os sonhos que irei imaginar para nós. Andei pensando: terra não combina com agua – faz lama: atola; terra não combina com vento – faz poeira: cega; terra não combina com terra – não há transformação; mas então terra combina com fogo, mas como? Apagando? Sim, apagando tuas dores, teus medos, quebrando teu gelo, tua realidade tão profunda, apagando todos os teus pensamentos, desfazendo os teus enganos, sepultando o teu passado, para só então receber mais um convite: deite-se ao meu lado, não quero te dominar quando encaixar suavemente a tua cabeça em meu ombro, quero somente te fazer esquecer, para que você possa descansar a alma perto desse coração que tanto teima em bater forte junto ao teu abraço, ainda que eu o tenha tentando conter você conseguiu ouvir e isso te assusta e espanta, mas ao mesmo passo encanta, e te tira do chão, e te faz ter vontade de se derreter… Então vem, deixa ser!
Deixa o silencio pairar sobre nós, larga o mundo lá fora: esquece! Esquece, esquece! Deixa a minha calma conter com os olhos tudo o que não é para agora, a vida vai dando jeito, vai dando certo, o universo vai conspirando… Deixa…
Deixa ser um domingo de por do sol ao som de Maria Bethania em qualquer lugar do mundo: Bahia, Grecia, Italia, Portugal, ali em qualquer cachoeira! Gira o globo comigo, se deixe ir!
Deixa ser assim, deixa ser nós ventando em qualquer janela e espalhando um sentimento bom para quem passar, bebericando alguma coisa gelada ou quente, ou nada, deixa ser nós brincando na cozinha sem pressa, sem os pesadelos passados, deixa ser… Dança comigo, canta, se encanta, se deixa, toca a minha a mão, deixa ser enfim somente partilhar!
Deixa?!
Deus.Seja.Louvado