Antes de adormecer peço uma felicidadezinha para o dia seguinte, um carinho pros olhos, um arrepiar de leve a pele, um sorriso mais denso e solto, uma felicidadezinha qualquer, pequena, boba, simples, apenas uma felicidade.
Adormeço e sonho com o mar, lindo, distante, não me assisto no sonho, mas posso sentir o vento fresco com cheiro de vida nova, de alma perfumada, não me assisto, mas sinto os olhos marejarem de saudades, pois a muito não encontrava esse meu velho companheiro, conversei durante toda a madrugada com a melodia das águas.
Fui despertada pela luz que teimou com a cortina e invadiu o quarto, meus olhos não reclamaram, pois a luz fez-se presente de maneira muito delicada, como um carinho de mãe; sorri ao constatar que a luz venceu o despertador, sentei a cama e relembrei meu sonho feliz, meu velho companheiro é capaz de me fazer bem até distante, além dessas montanhas.
Deixo a casa adormecida, pelo caminho vou seguindo por mais um dia, lembro o sonho, a luz que me despertou, e então já são duas as felicidadezinhas as quais a vida me ofereceu, agradeço por tê-las enxergado, tão singelas, tão raras.
Ouço uma musica nova, muito bonita, um amigo me enviou, a letra fala de esperança, de novos tempos que serão melhores a todos, fala de um amor que contaminara o mundo, e que tal contagio não terá cura, nos fazendo viver sobre uma gestão universal de paz e harmonia, a melodia sensibiliza a alma, cerro os olhos e acredito junto.
Um bebe me alcança com o olhar, estende a mão em minha direção e sorri, duas senhoras conversam animadamente enquanto caminham devagar (velhas amigas), um casal se beija cheio de saudade enquanto planejam o jantar de logo mais, uma criança fantasiada corre pela rua com uma espécie de varinha de condão, toca pessoas, fala palavras mágicas e “alakazam” arranca-lhes um sorriso.
São muitas as felicidadezinhas, essa oração tola a vida, essa simplicidade tão bela de Deus, tão possível quanto algodão doce em parque municipal.
Leio um texto fantástico em um livro de contos, tão fantástico que sinto o desejo de ligar para seu autor e agradecer, como ele já não esta entre nós, olho para o céu, sorrio e agradeço em pensamento, certeza de que ele ouviu e sorriu de volta, sabendo que sua existência tão conturbada, compartilhando sentimento tão seus, traz paz a quem o lê.
Um grande amigo confidencia que ainda escreve poesias, rascunhos tímidos ele declara, ressalto que a beleza ainda que enferrujada encanta, é lindo quando não perdemos a essência, e o desejo ainda que sufocado de transcender.
Uma lua nova festeja o céu, as três Marias aparecem nítidas e latentes, é uma noite harmônica de outono, o cheiro das folhas partindo, renovando-se sem pressa, sem caos, a vida podia tanto imitar uma arvore no outono, renovando-se sem vomito, sem falta de ar.
Depois de muitos dias, você esta de volta, quase não acredito quando atravesso a porta e encontro seu sorriso novamente, sei que o acompanho a muitos anos, mas nesse dia de tantas e tamanhas felicidadezinhas, é esse sorriso tão lindo e sábio que abrilhanta por completo o que se iniciou com uma oração pedindo um punhadinho de alegria, diante de tempos tão difíceis.
Felicidadezinha pequena, tola, simples, e a vida me presenteia com um dia completo de acontecimentos belos, singelos e magníficos, que alimentam minha alma desnuda como as arvores no outono.
D.S.L
Amei, Escriba!
Beijão.
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Obrigada minha doce Elis
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