Segunda feira, onze de agosto, ano de dois e mil e quatorze, por volta de oito e quarenta da noite, oito e cinqüenta, não me lembro exatamente, Eduardo Campos candidato a presidência da republica do Brasil era entrevistado pelos ancoras de um jornal televisivo, a qual encerrou dizendo: “O Brasil tem jeito. Vamos juntos. Eu peço o teu voto”.
Não; não irei falar de política.
O dono do pedido de voto acima faleceu na manha seguinte vitima de um acidente de avião, rumo a mais uma cidade onde cumpriria sua agenda de campanha.
A entrevista foi ao vivo, com duração de quinze minutos, acredito que Campos após terminá-la tenha ido para um hotel próximo, pois o mesmo reside em outro estado, com toda certeza deveria estar cansado após a sabatina, mas talvez tenha demorado a adormecer repassando na memória todas as perguntas e respostas da entrevista, talvez… Ele não sabia! Ninguém sabe, pois se soubesse teria refeito seus pedidos, seus desejos, talvez não estivesse dedicando seus últimos dias e toda energia em prol de uma campanha política, alguns candidatos pensam que não, mas nem tudo na vida é política, à de se pensar no que realmente é importante, à de se saber que sorrisos, abraços, instantes de musica, dança, leitura, harmonia e união valem bem mais do que qualquer pesquisa ibope ou vitoria, valem mais senhores do que qualquer trabalho, do que qualquer conquista, pelo fato dessa brevidade que é a vida.
Vivemos como se o amanha estivesse sempre a nossa espera, pronto para conspirar a nosso favor, como se a vida fosse um carrossel que não ira parar nunca, passamos por altos e baixos, momentos de euforia e deslumbre, medo, calmaria, mas parar nunca. Inocência pensar: temos o controle, temos o controle, quando na verdade deveríamos declarar: não nos pertence, não sabemos a hora, não esta em nossas mãos.
Não é possível dialogo: _olha dona morte não posso acompanhá-la nesse momento, pois tenho uma campanha eleitoral inteira pela frente e com sorte e ajuda da sua concorrente a senhora vida, precisarei governar um país por quatro anos. Ah!Preciso terminar de criar os meninos e vê-los crescer, volte daqui a uns vinte, trinta anos, e caso tudo esteja tranqüilo e resolvido, acompanharei a senhora sem mais delongas, mas agora não vai “rolar”, certo?Combinados?
Sorrateira, autoritária, silenciosa, indiscutivelmente ceifa-nos o bem maior: a vida. Sem papo, sem essa de que era muito jovem, saudável, bonito, rico, não acolhe lamentos ou suplicas de que não era a hora, sem tempo para um ultimo abraço, telefonema, ou aceno, sem essa de esperar o por do sol para ir embora, ou um dia bonito sem nuvens ou chuva que se faça entristecer somente pela noticia de que alguém acaba de partir.
Clichê intitulá-la de frágil, ainda mais clichê dizer que devemos aproveitá-la ao maximo perto daqueles que amamos, clichê dizer para não nos levarmos tão a serio, ignorar um pouco a vida dura e seguir o caminho com visões mais lúdicas e românticas, clichê que vale a pena repetir sempre.
Paz e conforto a família Campos e todas as vitimas do acidente!
D.S.L
*credito frase da imagem poeta Paulo Leminski