“… uma construção que permite interligar ao mesmo nível pontos não acessíveis separados por rios , vales, ou outros obstáculos naturais ou artificiais.
… São construídas para permitirem a passagem sobre o obstáculo a transpor, de pessoas, automóveis, comboios, canalizações ou aquedutos.Quando é construída sobre um curso de água…”;(Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.)
Toda criança tem medo de alguma coisa: palhaço, papai noel, escuro, água, sempre tive vários medos, de muitas coisas, mas o qual recordo-me com mais nitidez é o medo de pontes, parece bobo como todo medo, mas ainda hoje adulta, confesso que titubeio ao passar por uma.
A coragem não se revelada quando você é tentado, ou colocado a prova, a verdadeira força se liberta transformando o universo quando vencemos a nós.
Tenho medo de pontes por uma explicação lógica e bem racional: atravessar uma ponte é querer superar um obstáculo já superado por outra pessoa, pois a ponte em questão a ser atravessada foi erguida por alguém que também precisou passar e acreditou ser mais seguro e por que não dizer generoso criá-la. Tal criação porem, não o livra de perigo algum, pois abaixo dela pode passar um rio cheio de pedras e correntezas furiosas, carros, pessoas, bichos, uma mata, altura, distancia.
Desde o primeiro passo sobre uma ponte, o pensamento daquele que teme é o de olhar para trás e querer voltar, se ela balançar será ainda mais inquieto a alma atravessá-la, talvez a mesma já tenha ruído, e quanto tormento não causou aquele caminho aos que queriam tão somente passar.
Quantas vezes desejamos apenas que tudo passe, e que nós “passarinho*” como dizia o poeta.
Nos passos seguintes até a altura da metade da travessia, aquele que a teme ao olhar pra trás pensa já não ter como voltar, o meio balança e trepida com ainda mais intensidade, o que só faz aumentar a aceleração dos batimentos cardíacos, a aparente fraqueza nas pernas, o gosto seco, cansado e amargo na boca, as mãos soam parecendo escorregar do corrimão que auxilia o sustento do corpo.
À frente o caminho que falta ser percorrido parece cada vez maior, uma vez mais se pensa: conseguindo correr rapidamente, em segundos estarei liberto de todo esse pânico e a salvo no mesmo lugar de onde nunca devia ter saído.
Sempre as temi, porque toda travessia é carregada por momentos de fraqueza, cansaço, inquietude.
Por que demora tanto o ato de simplesmente passar de um ponto a outro? Quais segredos e surpresas encontrarei na chegada? Quantas pontes ainda terão que ser transpostas? E a pergunta tão cruel quanto o medo inicial: qual caminho encontrarei após tantos temores, conquistarei enfim aquilo que vim buscar?
Não posso adivinhar, tão pouco intuir, imaginar sempre, mas desde de muito cedo aprendi que posso dar o primeiro passo ainda que obscuro pelo medo.
Meu caminho não é o de ser dona do mundo, não serei coroada rainha de coisa nenhuma, nem do ouro, nem da prata ou pedras preciosas, não quero ser dona de nada, pois ao final da travessia desejo humildemente ser coroada senhora de mim, tendo como posse em vida minha porção de fé, prosperidade, missão e amor, este ultimo ornamentado de paz, amizade, e uma melodia suave para enfim repousar no colo Daquele que se fez coluna de todas as minhas pontes e Rei de toda a minha historia.
* Referencia ao poema de Mario Quintana
D.S.L