A velha corcunda

Desintegrar, e feito pequenas partículas deixar de existir, ou melhor, tornar-me vento, livre, sem amarras, sem este corpo e essa alma sempre sedentos por alguma coisa.

Deixar de ser, ou seja, lá o nome que se dá a isso: largar tudo, chutar o balde, mas ainda prefiro o começar de novo que soa mais leve e propicio a quem tem fé…

A sabedoria diz que devemos nos afastar de tudo o que nos faz mal, mas a realidade é outra, ou melhor, pode até não ser, mas para isso é necessário uma coragem uterina e quando essa força não é suficiente vamos sendo saciados por cacos de vidros, os quais mastigamos e tentamos engolir sem ao menos um copo d’água, vivendo a ilusão de que não fará mal, não machucara, mas é evidente que a ilusão acaba ao experimentar essa dor insuportável, sim: este é o paladar de tudo o que vamos negligenciando e engolindo sem querer, seja no trabalho, na família, aonde for, são cacos de vidros que só fazem cortar, abrir feridas e sangrar.

Desejar cansa, e enquanto não se tem novidades resta apenas àquela boa e velha esperança, mais velha do que qualquer outra coisa.

A esperança é uma senhora corcunda, cheia de rugas, que se arrasta pelos dias lentamente, cada vez mais cansada, sorrindo menos, emudecendo ao passar das horas, até quando se vê sem forças para andar, e então alcança o ápice de sua longevidade, sonhando apenas com o sossego de uma morte pacifica e providencial, eis que neste momento surge a novidade: a esperança é desmascarada pela verdade, o sonho é realizado, e então a velha senhora sem forças e senil, como num passe de mágica transforma-se em um lindo bebe o qual cumprira todas as fases de sua jovem vida até o dia em que estiver novamente velha, mas então outros sonhos virão, e ela incansavelmente não morrera.

Tudo esta deserto, com raios de sol tão quentes que rasgam a pele, o ar insuportável e seco, os olhos embotados de cansaço e dor, avermelhados pelas lagrimas que ainda restam, mesmo sem um oásis em que se possa confiar.

Exausta, ferida, buscando ar num respirar profundo, a cabeça embaralhada, a alma cheia de perguntas e essa vontade latente e incessante de querer movimentar e mudar quase tudo, mesmo tão frágil não se deixa desistir, pois a vida é bonita, as vezes até suave, e movida por uma sensação inacreditável e indescritível de fé que na manha seguinte mesmo sem sentido lhe coloca de pé novamente, afinal uma nova e bela manha nasceu e ela merece mais um dia de esperança.

D.S.L

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Autor: ela...

Elaine. Ela. Helena. 17. Setembro. Há alguns anos atrás. Ascendente em peixes. Brasil. Santista de nascimento. Baiana de descendência. Mineira de coração e endereço. Muitas e de muitos tamanhos. Letras, palavras, frases. Nossa Senhora Aparecida. Família. Música. Sol. Brisa. Luar. Prefiro mar. Branco. Tenho uma irmã mais nova. Minha maior paixão tem mais de 100 anos. Abraço. Meu pensamento é hiperativo. Tenho os melhores amigos. Cometo ao menos um erro todos os dias. Converso com Deus. Já mudei de emprego três vezes, já mudei de vida outras varias. Por do sol. Não faço nada sem dois ingredientes: paixão e entusiasmo. Primavera. Beijo. Horizonte. Esperança. Cinema, quadros, composições. Já machuquei quem não merecia. Olhar. Exagerada e sensível. Carente. Bagunceira. Transparente. Meu primeiro livro publicado e grande orgulho: Quando Florescem as Orquídeas. Tenho um blog e uma coluna semanal em um jornal do interior. No mais sou abençoada. Sei dizer apenas que tudo passa!E que eu sou bem feliz! D.S.L

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