Vou anotar seu telefone!

A internet mais precisamente as redes sociais talvez tenha sido o grande marco da ultima década. Quase nada acontece sem ser registrado, seja através de fotos ou de palavras em nossa timeline, que é quase uma vida paralela em um espaço virtual.

Declaramo-nos diariamente tristes, felizes, vitoriosos, consumistas, indignados, revoltados, comilões, revolucionários, ostentadores do cotidiano tão simples e comum, que em muitos casos fica até mais bonito e interessante a partir de outra visão ou ponto de vista, as redes sociais brindam e coroam o mais antigo desejo da maioria dos seres humanos: ninguém quer ser anônimo, todos querem se mostrar e se fazer importante seja como for.

É possível que este texto assim que postado seja lido por muitas pessoas ou por ninguém, gente que não conheço partilhando, lendo, compartilhando da minha idéia, do meu pensamento, do que estou sentindo, e assim como na vida algumas pessoas vão se importar outras não.

O legal desse grande canal de divulgação sem duvida alguma é tudo o que não tínhamos acesso com tanta facilidade, afinal até mesmo a grande mídia senti-se ameaçada, pois seus juízes de audiência hoje em dia pertencem voz, e estão cada vez mais críticos e severos tornando-se formadores de opinião e disseminadores do que particularmente gostam.

Como tudo tem seu lado ruim, os fofoqueiros de plantão deleitam-se cheios de delírios e razões em comentários, julgamentos, piadinhas e ataques virtuais. Ninguém esta salvo e as indiretas parecem ainda mais pesadas aos que não evoluíram o suficiente para não se importarem com o que os outros pensam.

Para caminhar nesse mundo virtual é preciso gritar: viva a liberdade da timeline.

Ao passo que nos aproximamos daqueles que não vemos todos os dias, ou ainda que jamais encontraremos, e que talvez nunca trocaremos uma palavra se quer, nos distanciamos daqueles que eram mais próximos, afinal até a saudade vesti-se hoje em dia de outra maneira, é demonstrada de outra forma, antigamente falávamos mais, tínhamos agenda de telefones, e quando conhecíamos alguém, com o crescimento da relação o telefone servia apenas para marcar um encontro, afinal no Brasil paga-se uma das tarifas mais altas de minuto no mundo, portanto a conversa era rápida, sempre ouvindo ao final: pessoalmente conversamos melhor.

Pessoalmente olhamos nos olhos, sentimos o cheiro, tem som de riso, e abraço apertado, pessoalmente somos mais gente, a saudade deixa de ser palavra passa a ser verdade, ao vivo e a cores encontramos mais pessoas, espantosamente pode-se conhecer muita gente nova e extraordinariamente novos amigos, não aqueles da timeline que temos tão pouco contato, amigos de verdade e não apenas mais um numero em alguma rede social.

Dias atrás a mãe de uma amiga faleceu, confesso que a muito tempo não a vejo. Normal, a vida segue e vamos nos acomodando a não estar tão presentes, o que não deveria ser assim, enfim, queria ter ligado para ela, ouvido sua voz, não que nada do que eu dissesse fosse mudar alguma coisa, mas com toda certeza estaria mais presente nesse momento de extrema dor, infelizmente não tinha mais seu telefone, assim como não tenho o de muitos outros amigos e como muitos outros amigos não tem o meu.

Restou-me deixar um recado de algumas poucas palavras através de uma rede social, tentando fazer com que ela sentisse meu abraço a consolá-la por um carinho que só existiu virtualmente. Sou apaixonada incondicionalmente pelas letras, mas senti-me triste por elas não estarem acompanhadas de um gesto mais presente e humano, ou ainda trocadas pelo silencio de um abraço.

D.S.L.

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Autor: ela...

Elaine. Ela. Helena. 17. Setembro. Há alguns anos atrás. Ascendente em peixes. Brasil. Santista de nascimento. Baiana de descendência. Mineira de coração e endereço. Muitas e de muitos tamanhos. Letras, palavras, frases. Nossa Senhora Aparecida. Família. Música. Sol. Brisa. Luar. Prefiro mar. Branco. Tenho uma irmã mais nova. Minha maior paixão tem mais de 100 anos. Abraço. Meu pensamento é hiperativo. Tenho os melhores amigos. Cometo ao menos um erro todos os dias. Converso com Deus. Já mudei de emprego três vezes, já mudei de vida outras varias. Por do sol. Não faço nada sem dois ingredientes: paixão e entusiasmo. Primavera. Beijo. Horizonte. Esperança. Cinema, quadros, composições. Já machuquei quem não merecia. Olhar. Exagerada e sensível. Carente. Bagunceira. Transparente. Meu primeiro livro publicado e grande orgulho: Quando Florescem as Orquídeas. Tenho um blog e uma coluna semanal em um jornal do interior. No mais sou abençoada. Sei dizer apenas que tudo passa!E que eu sou bem feliz! D.S.L

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