A eterna primeira vez

Não lembro como tudo começou, é injusto isso de não saber o que pensamos quando a vida nasce e então estamos no mundo pela primeira vez, como terá sido sentir o lado de fora? Talvez muito frio, o que pode explicar todo o pranto.

Chorei por muitos minutos, e solucei no colo de minha mãe até o momento em que fui acolhida em seu abraço, embora sem consciência estava naquele momento tendo em vida meu primeiro encontro com a paz, pouco a pouco fui silenciando.

Ela conta que demorei a abrir os olhos, fui querer ver o mundo depois de umas vinte e quatro horas, e mesmo com toda essa preguiça não sei o que enxerguei pela primeira vez.

É injusto não lembrar a primeira vez de tantas coisas, como quando encontrei a primeira flor, as nuvens, o céu, a primeira estrela que inocentemente estiquei o braço em sua direção na ilusão de toca-la, a luz do sol que hoje tem efeito pacificador em minha alma.

Não guardei a sensação de meus pés ao tocarem o mar pela primeira vez, nem recordo minha reação ao ouvir a primeira melodia.

Não sei o que senti quando descobri que podia ficar de pé, tão pouco falar, emitir sons, fazer barulho, gritar.

Não lembro de meus primeiros passos, nem mesmo das quedas, a primeira dor, a primeira sensação de febre.

Quando soube o que significava um abraço? O primeiro choro de tristeza, a descoberta das lagrimas de felicidade, minha primeira saudade? Ah!Disso me lembro, foi numa tarde não sei precisar o dia, meus pais já estavam separados, e quis vê-los, não um de cada vez, mas os dois juntos, pois era disso que eu precisava naquele instante: dos dois.

São tantas primeiras vezes as quais queria lembrar, sei não ser possível, e talvez seja por isso que mesmo com o passar de tantos anos, encare disfarçadamente todas as visões e sensações como se fosse a primeira vez, ainda me deixa em transe a brisa da praia, o gelo macio dos pés tocando a areia para logo estarem submersos pela espuma do mar, se rapidamente abrir e fechar os olhos em direção ao sol o vejo como nos desenhos de infância, cheio de raios luminosos e incríveis, quando me coloco nos braços de minha mãe reconheço a mesma paz que me fez cerrar o pranto a tempos atrás.

Prostrada  de joelhos perante o Deus de minha missão o qual designou-me aqui nesta mesma data já alguns anos, sinto-me criança com as mãos pequenas juntadas ao peito aprendendo a rezar e clamar por amor, fé, sabedoria, coragem e encanto, procurando palavras para dizer-Lhe o quão tudo é maravilhoso, pedindo com força que jamais me recorde das primeiras vezes, pois assim tudo sempre sera intacto e magnífico.

Todos os dias a vida é como a primeira vez, com o diferencial de despertar sorrindo consciente da fé que a tudo torna possível

D.S.L

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Autor: ela...

Elaine. Ela. Helena. 17. Setembro. Há alguns anos atrás. Ascendente em peixes. Brasil. Santista de nascimento. Baiana de descendência. Mineira de coração e endereço. Muitas e de muitos tamanhos. Letras, palavras, frases. Nossa Senhora Aparecida. Família. Música. Sol. Brisa. Luar. Prefiro mar. Branco. Tenho uma irmã mais nova. Minha maior paixão tem mais de 100 anos. Abraço. Meu pensamento é hiperativo. Tenho os melhores amigos. Cometo ao menos um erro todos os dias. Converso com Deus. Já mudei de emprego três vezes, já mudei de vida outras varias. Por do sol. Não faço nada sem dois ingredientes: paixão e entusiasmo. Primavera. Beijo. Horizonte. Esperança. Cinema, quadros, composições. Já machuquei quem não merecia. Olhar. Exagerada e sensível. Carente. Bagunceira. Transparente. Meu primeiro livro publicado e grande orgulho: Quando Florescem as Orquídeas. Tenho um blog e uma coluna semanal em um jornal do interior. No mais sou abençoada. Sei dizer apenas que tudo passa!E que eu sou bem feliz! D.S.L

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