Hoje é um daqueles dias!
Que dias são esses? Converso mentalmente com alguém dentro de mim, não sei explicar, trata-se de um falar muito intimo, por isso ninguém mais entenderia ou poderia participar, coisa de alma, de espírito e de um corpo que precisa levantar para enfrentar a vida, ao passo que deseja não sair daquela conversa, sabe-se que o mundo depois do primeiro passo para fora da cama atrapalha a conexão, os ruídos ferem essa troca, pois tudo tem um grande sentido justamente por o ter perdido.
Musica, flores, muitas palavras, luz, nenhuma angustia, nem pressa, a falta de ordem não origina o caos. É como passar o dia diante da linha do horizonte, fitando-a sem nada esperar, sabendo-se não ir nem chegar a lugar nenhum.
“Aqueles dias”… Você sabe, os conhece desde sempre, dias distantes, poucas pessoas compartilham de alguma coisa sua no mundo nesses momentos, é como uma festa particular, penetras não serão permitidos, a não ser com a sua permissão.
Ah esses dias! Não são bons, nem ruins, são calmos, parecem ter sido naufragados em chá calmante de uma poderosa erva qualquer muito rara, e essa espécie de quase transe faz-me distante, não para fora do mundo, mas pra dentro de algum lugar em mim, uma viagem de abraço interior maravilhosa e louca.
Não é perda da sanidade é ganho da imaginação.
Hoje é um daqueles dias, não estou aqui, pertenço a outro estado real, não estou presa em uma sala úmida cheia de telas em branco, e papeis desimportantes, não é segunda feira, não tenho horários.
Estou lá fora desfrutando, ou melhor, vivendo o sol de inverno e suas cores quentes alaranjadas e cheias de tons no campo, pousada sobre a grama verde, recostada em uma arvore enorme, forte, centenária e cheia de historias como eu, bebo vinho, a frente alguns queijos e pães, nada de carros, ruídos ou papeis desimportantes, nada de gente querendo chegar a algum lugar, nesses dias mantenho-me distante de injustiças e das varias faces da maldade, distante de gente covarde, há uma melodia conhecida no ar, sorrisos vastos dos que me são caros, queridos, amados, e por muitos instantes os teus olhos que tomaram do céu o azul os quais permito navegar em mim.
Há dias assim distantes de tudo, que fazem paz em mim, consolo-me saudosa quando eles me faltam logo ao anoitecer, afinal em breve será primavera.
D.S.L