Dias injustos: o sol não nasce, a cama não esquenta, o sono não cessa, e a hora passa apenas pro despertador, parecendo no decorrer do dia não mover os ponteiros.
O cansaço vence e a vida desgoverna.
O céu para, nem mesmo as nuvens passam, nada acontece.
O ônibus não vem, a musica não toca, ou a vida esta errada ou a gente é que atrasa.
Dias injustos: sem abraço, sem colo, conselho, cobertor, sem sabor, tem dias em que a única opção dada é a de engolir, sem mais, sem escolha para onde ir, sem hora certa pra chegar, tem dias em que a vida para ou atrasa, ou sei lá.
O grande nada, a espera de tudo, nada se põe ou opõe, nada se pode, tudo é semente, contrariar é sempre desonesto, portanto me calo, e diante desse silencio incomodo, insosso, insano, tudo parece despertar e gritar, feito louca tapo os ouvidos, quase inutilizada levanto-me causando terremotos ate ser notada, como quem quer dizer a alguém: olhe para mim .
A vida é egoísta, nos toma por inteiros, nos cansa os nervos, avermelhando os olhos, enrijecendo os músculos, nos impossibilitando de calcular os próprios pensamentos, nos preenchendo dela mesmo de tal maneira a nos deixar tontos, estarrecidos, sem ar, sem luz, sem sonhos, é como um nó de gravata apertado: sufoca, irrita, desafia e de repente afrouxa. Ela parece parar a nossa frente com as mãos nas cadeiras, dizendo em tom de deboche: vamos ver até onde vai, vamos cansar ate aonde agüenta, e o tempo se comporta como o vento que nos amedronta do alto de uma escada, afinal o que ameaça acontecer e não acontece é o que nos faz temer.
Há dias injustos, onde me sinto como a menina esquecida na escadaria da escola, tendo como companhia seus medos, seus livros e seu anjo da guarda.
Há dias injustos mas eles passam.
D.S.L
ótimo… parabéns, escriba.
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