Me leva pra outro lugar?
Longe desse sentimento estranho que temos convivido já a algum tempo: um aperto no peito, um nó na garganta, essa dor mascarada que esconde tanto descontentamento, esse sentimento estranho que nos faz sacudir a cabeça em sinal negativo dizendo sozinho, baixinho, quase com medo em meio a um suspiro profundo: esta tudo errado!
O que estamos fazendo? Aonde iremos chegar com tanto ódio, maldade, intolerância, desrespeito?
Me leva pra outro lugar, aonde as pessoas são mais de verdade, são menos cruéis, desonestas, e na contramão famintas por vida, por esperança, amor, ao invés de idolatras do dinheiro, da fama, do poder.
Aonde iremos chegar sozinhos? Dopados por tarjas pretas ou qualquer outra droga pra suportar a si mesmo, sorrindo para o raso, para a vida que não desperta junto do corpo.
Me leva pra outro lugar? Um lugar aonde ainda se acredita em mudanças, crescimento, aqui onde estamos vamos retrocedendo, acredite se quiser começaram a repensar o peso da cor sobre a pele, a liberdade do querer, a vontade de amar e o direito a tudo isso questionado, ferido, sangrando, morto, viver é direito questionado!
Somos tão do contra, que tudo parece estar se voltando contra nós, estamos sendo perseguidos por nós mesmos e uns aos outros, a fé tornou-se perseguidora, escravagista, inquisidora. Seremos torturados por todos os nossos preconceitos, por nossas mentes pequenas, pelo encolhimento da mão que já não ajuda, não abençoa, não mais constrói. Sofremos uma metamorfose, maquinas de destruição: somos bombas, somos pedras, somos fogo, tiros, facas, socos, brigas.
Desaprendemos o respeito para incitarmos a violência, o ódio, o desprezo, apontamos o dedo e gargalhamos, apertamos o gatilho, mas esquecemos que estamos achincalhando a nos mesmos, somos espelhos um dos outros, somos humanos e nada além disso; nem brancos, nem negros, amarelos, albinos, heteros, gays, indianos, judeus, mulçumanos, católicos ou evangélicos, umbandas, ateus, seja lá o que for humanos, seja lá o que for você: humano.
Me leva pra outro lugar, onde se respire fundo sem dor com o intuito inocente de sentir o aroma do ar, das flores, do verde, do cheiro do outro, outro lugar onde não se perca jamais a esperança de que tudo ainda pode dar certo, e tem dado, mesmo com toda essa gente que cansa de tanto querer que de errado, um lugar de “gentes” melhores, onde a paz pode enfim reinar sem precisar pedir licença, e isso não é papo de miss universo, ou político em campanha, ou poeta estranha, isso papo de gente, isso é papo de bem, isso é conversa real de quem ainda sonha.
Me leva pra outro lugar?
D.S.L