Foram muitas as mortes do coração, nunca houve outra causa, fui contamina diversas vezes pela mesma ameaça. Diante do tumulo, o corpo moribundo suplicava uma chance, o coração fraquejado mantinha viva a esperança de sempre que morte nenhuma era capaz de desfalecer.
Mantinha-se inerte pela vontade desaparecida.
A sepultura que o envolvia não era capaz de imobiliza-lo por completo, os pensamentos permaneciam vivos, mas era desejo da mente permanecer assim: imóvel. No peito o coração ainda latejava e isso mantinha o sangue corrente, vivo, vermelho, quente.Enquanto a lapide ornamentava a inscrição: vai passar.
Voltar a respirar depois de tanto tempo,fazia o renascer ainda mais belo, os pulmões enrijecidos voltavam a ter ar em abundancia, enquanto novamente entregava-se a vida com a promessa de não voltar a morrer, foram muitas vezes, e tantas outras quebrada essa promessa.
Aprendi a morrer para encontrar a chance de uma nova vida, distante das historias que precisavam ser enterradas.
As cicatrizes que enfeitavam o corpo lembravam-me o quanto minha fragilidade era na verdade a fortaleza de meus melhores sentimentos, ser frágil nem sempre quer dizer ser fraca e assim aprendi a ser forte de modo a me permitir todas as coisas, menos desistir.
As conseqüências provenientes dos saltos ao desconhecido, jamais senti medo da queda, tinha muito amor pela liberdade do coração, arrepender-se as vezes era inevitável. Era claramente apenas o hoje, só o hoje, as horas seguintes a mantinham com o pensamento distante do querer adivinhar ou prever o improvável amanha. Sempre foi questão de horas, segundos e nada mais, por isso o excesso em tudo, a fome de querer cada gota fosse do veneno da inconseqüência, ou do antídoto pacificador de ter tentado.
Todo o vasto mundo cabe na escuridão de seus olhos pequenos, negros, redondos, assustados, que se mantiveram abertos até aqui, e apenas isso sabe dizer: até aqui, nesse instante, nada mais nem alem.
D.S.L