Sinto medo dos teus olhos, do teu sorriso encantado rente ao meu, que ao se desmanchar em um beijo, prova o quanto a entrega imprevista é fato consumado.
Desejo tuas mãos, o cheiro dos teus cabelos, tua pele pálida e fria quando ao final do amor encontro-te sem forças, quase que ao chorar diante daquilo que diz jamais ter sentido.
Quero-te para nada, a todo tempo, sem pressa, sem adeus, quero-te a meu lado mesmo em silencio, sem palavras, fico contigo eternamente, pois me tornei naufraga deste azul dos teus olhos, amanheço e adormeço sentindo pavor desse momento sólido de verdade, de contentamento, eis que vejo graça em estar em ti, és inexplicável a paz dos teus abraços, ao passo em que meu coração dispara ao encontrar você.
Não sei mais o que faço, agora que o amor tomou novamente conta de mim. Ao passo que caminho acreditando em tudo, ainda assim o passado de todos os tropeços, das inverdades, das dissimulações todas feitas a esse coração ainda me amedrontam, me colocando na defensiva de sentir novamente, mesmo sabida de que agora é muito tarde, pois não tenho mais nada em mim a não ser sentimento, nada mais sobrevive dentro de meu peito que não seja amor.
Quase não sei o que pensar quando ouço de ti ser pra sempre, depois de tanto tempo criei pânico de certas palavras, e o eterno tornou-se uma delas, mesmo que involuntariamente, ainda que seja tudo o que creio desde muito tempo, e o que sonho desde sempre como realização de vida, ainda que com fé e com força, e sem cansar ouvir isso de ti, ainda assim, tenho medo.
Queria mesmo era invadir tua vida, ou melhor, invadir teu ser, ler teus pensamentos, andar por essa estrada de labirintos que sei ser teu coração, saber de ti o quanto estas de fato entregues a mim.
Sei que suportaria mais uma decepção, o medo não é de sofrer novamente, mas sim de deixar de acreditar de uma vez por todas, e então ver a vida se transformar em paginas brancas, em cortinas, pratos, mobília, em contas a pagar, em simplesmente respirar, sem ser mais nada.
Estou encantada, tudo aos meus olhos é secundário, vejo beleza e mais nada, meu coração alegra-se novamente com a vida, eis que sou metade amor e a outra metade paz, confio novamente que tudo virá da mesma forma como você chegou. Confio que você chegou, que é você esse alguém que Deus moldou pra mim, essa alma que junto a minha unifica um só coração, uma só vida.
Constato que o amor tem a mesma força do mar, quando mergulhamos por mais que tentamos nadar contra sua correnteza, ela nos puxa, nos carrega, e então submersos de encantamento pelas águas, por suas ondas, frescor, calor e paz que só o mar é capaz de nos trazer, deixamo-nos levar, simplesmente ir, ao passo que o medo desaparece e a confiança nas águas inevitavelmente te faz ir cada vez mais longe, cada vez mais fundo, sem medo, com força, e fé na busca da plenitude de encontrar o infinito.
Assim como o mar, amar é buscar o que não tem fim, é simplesmente ir, sem saber ao certo se de fato chegaremos a algum lugar, sem saber se o próprio infinito tem fim, sem saber, simplesmente ir…
D.S.L