Inventamos que esquecemos, e que o cansaço vai embora assim que tivermos uma folga do trabalho (mas e o cansaço do coração?), que as coisas vão mudar, que o tempo vai ajudar, que a vida vai passar e se encarregara de trazer a nos aquilo que nos foi prometido, sonhado, ou sabe-se lá o que.
Inventamos maneiras e mais maneiras para tentar ser feliz, quando sem motivo real, o que nos resta de fato é inventar.
Quando tudo esta difícil, quase insuportável, de modo tão intenso e insano, muitas vezes damos um jeito de enlouquecer, ou tão somente arrumamos uma forma de se perder, para quem sabe, então, no meio de pensamentos que caminham vagos, assim como os de uma criança que entontece ao abrir os braços dando impulso para rodopiar o corpo, até ter todos os sentidos abalados pela velocidade dos olhos que já não enxergam, apenas correm diante da realidade que permanece paralisada, deste ponto de vista, não são coisas que mudam, mas sim, nos que nos movemos.
Talvez seja isso a vida, talvez ela não se mova, permaneça lá, nós é que rodopiamos dentro dela, e numa espécie de magia fazemos tudo mudar, mesmo que apenas diante de nossos olhos.
Tantas foram às vezes que fiz isso, nem sei o que pensar, ou melhor, até sei: pois ao fim de cada invenção, ilusão, ou sonho que só a mim foi sonhado, sinto-me como uma criminosa, uma espécie de estelionatário de sentimentos, uma mentira, uma farsa que só machucou a mim, sou assassina, ou melhor, suicida de meu coração; Tantas foram as maneiras que inventei pra ser feliz, noutras rodopiei sozinha, por varias horas, só para ter a sensação de que algo estava de fato acontecendo, após todos os giros, o entontecer, a sensação de abalo, de corpo caindo ao chão involuntariamente, o riso forçado pela loucura de ter uma espécie de fresca proveniente da brisa provocada pelo próprio corpo, o riso inconseqüente, a visão ainda turva do chão que aos poucos vai se estabilizando, e por fim o choro, os olhos estatelados que constatam: nada mudou, foi apenas um sonho, apenas uma falsidade ideológica da realidade, um rodopiou ingênuo em volta da vida, que continua a mesma.
A vida continua a mesma, com a mesma saudade, com a mesma busca incansável, com os mesmos desejos, os velhos sonhos, e certamente com o único sentimento imutável, inatingível pelos rodopios do corpo: a fé, é por ela que ainda tenho vontade de rodopiar e mesmo que nada mude, ao menos vi o mundo girar, e tudo por alguns instantes enfim perder o foco.
D.S.L
E.T:.É a fé, e sapiência de que tudo em Deus é possível!