Queria eu ter meia dúzia de palavras que dissessem como tudo foi incrível ate aqui.
Cada lagrima no caminho, cada riso esparramado pelo vento.
As luzes que se apagaram, as pessoas que disseram adeus, as que lamentaram depois a breve despedida que na verdade queria dizer nunca mais, as que eu eternamente irei chorar por terem ido embora.
Pedi perdão, e quantas outras vezes chorei.
Nunca me foi qualidade a arte da esperteza, eterna palhaça pareço de todos eles ter o nariz mais vermelho.
Coloquei o mundo de pernas pro ar, só pra admirar o horizonte de um novo ângulo.
Quantos olhares lançados ao infinito onde o tudo e o nada se misturaram, parecendo um só.
Tive medo, vontade de correr para a cama dos meus pais toda vez que a vida me tirou o sono, nessas noites pude perceber o quanto cresci, eu era grande demais para minha cama, e o colo que outrora me protegia de todos os monstros possíveis, não era mais capaz de afugentar problemas reais.
O por do sol, a cor dos olhos, o abraço, o cheiro, o gosto…
O mar, enfim primavera.
Tornei-me melodia.
Passarinho valente que usou o medo como escudo para encarar o vento forte.
Voei com asas molhadas, com raios quentes de sol.
Voei sempre mais alto, sempre mais forte.
Posei em tantos jardins, e tantas flores serviram-me de experimento, apurei o paladar, sabendo distinguir o que o tempo estragou, o que não foi conservado, aquilo que apodreceu, sem jamais saber separar o sonho daquilo que não há.
Sai do casulo, e retornei a ele todas as vezes que achei preciso, troquei de asas, de cores, de textura.
Troquei, ousei, fui triste, e feliz.
Mudei idéias, conceitos, provei a mim mesma estar errada, e provei ao resto do mundo estar certa, e sorri muitas tantas vezes tomando goles de solidão, tragando ilusões para que os pulmões continuassem a respirar, entorpecida de saudade, naufragada de amor, nervosa, tremula, blasé, perplexa, eternamente deslumbrada.
Fui amada, amante, acima de tudo mulher, sem qualquer sombra de duvidas livre – às vezes livre demais.
Fui “cedo”, noutras tardia pela covardia tão nossa que nos paralisa o agir, eu fui mais eu, e fui mais ainda todos os que amei.
Apaguei velas para não enxergar se estava no caminho certo ou errado, queria tão somente permanecer sem o peso de mais nada, sem a claridade para me mostrar aonde eu deveria ir, nessas horas eu só queria ficar.
Os anos, o relógio, o tempo…
Vasto e grande sejam os mistérios que me cercam, tentando aqui e ali decifrar sonhos, encontrar neles mensagens dos anjos, dos deuses, para esta pobre mortal que nada mais é do que um grande coração a pulsar no mundo, com eternos olhos de criança encantada.
D.S.L