Meu sentimento era o de alguém que espera sozinha a hora de partir.
Sentada em um banco frio de uma estação repleta de pessoas desconhecidas, cheias de sentimentos como saudade, adeus, esperança.
Vi a minha volta malas e mais malas, minha bagagem era imensa, também pudera, nada menos que dois anos de uma historia repleta de risos infinitos de alegria, e prantos incansáveis de solidão, desesperanças, e duvidas, sabia que tudo era meu naquela hora, porem minha ultima duvida era qual seria meu destino.
Não sabia como havia chegado naquela estação, não tinha se quer noção de quem havia arrumado minhas malas, a única informação era de que a passagem havia sido comprada por você.
O preço da passagem foi altíssimo: horas de espera, sonhos desfeitos com a tua realidade hipócrita e sem sentido, esperança em decisões das quais no fundo me era sabido que não iriam ser tomadas, descaso, descuido, desvalorização, não te culpo, foi com minha permissão que seguimos por esse caminho, onde para você, sempre fui apenas uma diversão passageira de final de semana, era como um píer seguro, mas seu barco fantasma de tanto ir e voltar acabou por faze-lo desmoronar, ele já não suportava mais suas arrancadas cruéis, suas palavras crespas, seu egocentrismo, como se tudo no mundo fosse parar para que você enfim se decidisse.
Qual seria o meu destino? Era essa a única pergunta que me importava naquele momento.
Assustada notei que o microfone da estação, anunciava o horário de minha partida, só então percebi que o bilhete em minhas mãos continha meu destino, este seria o caminho que você escolheu para não mais existir em minha historia, não iria esquecer de você, mas sim desse meu amor que desde o principio foi apenas meu.
Eu, eu, eu, eu te amei sozinha, como jamais se pode ser, calada, triste, tudo em minha vida caminhava para ficar cinza, cada dia mais, perdendo um pouco da cor, do brilho, do gosto, quase não enxergava outra saída que não me levasse a você.
Pensei em desistir da viagem, para onde afinal de contas aquele caminho me levaria depois de tanto tempo esperando por você?
Será que de fato eu seria capaz de esvaziar-me desse cômodo sentimento incomodo, de tão reles alegrias, de tão fortes lamentações, encontros miúdos e desencontros estrondosos.
Respirei fundo e com certas lagrimas nos olhos, jurei que aquele choro seria o ultimo.
A bagagem era pesada, nenhum solicito para ajudar-me, ninguém a meu lado, era este o meu momento sozinha; reuni forças para suportar o peso de toda aquela bagagem, ofegante consegui chegar a porta do trem, ao entregar o bilhete o maquinista sorriu dizendo: seja bem vinda a uma nova historia, entregando ainda um bilhetinho que dizia: deixe pra trás tudo o que já é passado em seu coração, sua vida começa agora.
Não senti mais medo, a não ser pelas malas que sem razão aparente a meus olhos foram deixadas do lado de fora, não fariam mais parte da minha vida.
Acomodada em um banco aconchegante, percebi que todo o trem estava enfeitado de flores, de novas cores, lembrei-me que era primavera, e lembrei-me de tantas outras coisas, em prece fiz uma oração para que nunca mais meu coração me fosse tomado com tanta falta de cuidado, sem amor, com meias e dúbias palavras, jogo triste ao qual me submeti, para ver em você caprichos realizados, de uma menina que observa o mundo sozinha de sua janela fria e embaçada.
Ao olhar pela vidraça, lhe avistei chorando segurando minha antiga bagagem, li em seus lábios o pedido para que eu ficasse mais vez, desistindo do ponto final.
Distrai-me com as outras pessoas que começaram a embarcar, quando voltei meus olhos novamente a janela você ainda estava lá, dessa vez ao invés de lagrimas em seus olhos havia desespero.
O trem começou a partir, você então caminhando vagarosamente bateu em minha janela ponderando que te deixasse comigo ir, foi então que meu coração gritou mais forte em mim dizendo que era hora de partir, pois ele definitivamente não queria mais você. Minhas viagens ao teu lado, para de qualquer forma tentar te encontrar, sempre foram feitas sozinha, para te esquecer não seria diferente.
A viagem foi curta, pois já não restava muito caminho a ser percorrido, parei em uma nova estação, malas cheias de esperança estavam a minha espera, prontas para me acompanharem a minha nova casa, dona de uma nova historia, que dessa vez com certeza será de paz, cores, melodias, verdades, certezas, clarezas, sem mais demoras.
D.S.L
Espero realmente esse final. Uma viagem sem volta para a estação antiga. Sem arrependimentos e medos de enfrentar novas estações e novas viagens, deixando o passado no lugar dele, no passado. Segure com força as novas malas e adiante, Sempre!!!
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Assim, sem palavras pra vc!! vc é simplesmente divina com suas palavras! nunca li nada parecido com o q vc escreveu nesse texto de forma tão simples e enriquecida ao mesmo tempo!! simplesmente amei!!! muito obrigada por tais palavras e continue ñ desista pois vc tem muito talento!! parabéns marcela
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Muito boa a forma que é posta as palavras. Gotei bastante. Parabéns!!!!
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É… minha passagem já foi comprada mesmo… vou arrumar minhas malas…
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