Não existe verdade sobre o que sou. Mas isso nem importa, afinal de contas quem é que sabe se enxergar a ponto de tocar a própria alma sem sentir vontade de chorar, sabe quando você se olha no espelho e parece se perceber tanto que pelos olhos tem a impressão de poder entrar em um lugar desconhecido que não se tinha idéia da existência?
Dá medo se encarar assim, e dá medo às vezes encarar tudo mais em volta, a vida em si dá medo. E muitas vezes esse medo da vontade de chorar, e de ficar na cama, por ser ali o único lugar seguro para pensar em tudo o que se quer e o que não se sabe. E pensar em tudo isso trás uma sensação de enlouquecimento, e enlouquecer não é bom, pois se pode perder tudo, em meio a esse vento forte que da no pensamento vez ou outra.
Eu penso que posso encarar tudo, ou seja, viver tudo, e sentir todas as coisas, mas a verdade é que muitas vezes eu fico tão assustada, e com tanto rubor diante do que pode acontecer que me vem uma paralisia, e então eu não quero sentir mais nada, mas tudo o que eu vejo me transporta a viver mais alem, e de uma maneira mais intensa que o resto do mundo.
Experimentar a tudo, aprender a cada oportunidade, revelar-se mesmo que isso permita que todos enxerguem seus defeitos, critiquem seus pecados, e rotulem sua historia como se pudessem lhe transformar em objeto qualquer assim como eles, tudo isso sempre me foi impressionante e valido, mas ultimamente tem me assustado, pois alguns rótulos ao carimbarem a pele machucam a alma.
Às vezes escondo-me para não machucar, sufoco-me para não explodir, mas sempre me deixo guiar pelos gritos do coração, pelos ventos da liberdade, pela esperança de uma boa surpresa, pois a vida revela-se pra mim com um rotulo de letras enormes que dizem: seja feliz sem medo!
Assim, sem mais eu volto ao espelho, e então a vontade de chorar passa, dando lugar a um riso involuntário onde percebo que tudo mais o que se tem a fazer é viver e mais nada.
D.S.L