Você sabe que é ilusão.
Depois de certo tempo, adquire-se uma maturidade frente a tudo que surge em nossas vidas, nos dando a visão do que chega pra ser eterno e do que vem pra ser efêmero.
O jardineiro que observa encantado o crescer de suas plantas na primavera, é o mesmo que ira enxergar da janela no inverno as flores perderem a cor, murchar e morrer, assim é com os acontecimentos da vida.
Você sabe que a empolgação vai passar, e sabe também que a emoção não será a mesma das primeiras horas, ao contrario, chegara um momento em que você vai se sentir cansado, e então ira tentar resgatar aquela primeira impressão, o “tudo” que sentiu nos primeiro momentos, constatando que acabou, e que insistir é quase um estupro na alma que em vão quer invadi-la de algo que não vai voltar.
Quando o roteiro chegou, você já sabia de toda a historia, conhecia a qualificação dos personagens, e por mais que eles quisessem lhe mostrar aquilo que queriam ser, eram apenas eles mesmos, logo iriam fracassar por querer algo que desconhecem.
Você cria por algum tempo uma espécie de mascara para colocar nas pessoas, tornando-as mais belas do que elas realmente são, fazendo isso ciente de que em algum momento essa fantasia ira chegar ao fim.
Isso faz parte de você, é mais forte do que toda a sua cultura, inteligência, querer, quando se dá conta do que de fato esta acontecendo, já é tarde e o termino da ilusão mais uma vez lhe serve como companhia junto a essa realidade que não lhe surpreende: você já sabia.
Das coisas que passam, fica a primeira impressão, das rosas que murcham fica a alegria de recebê-las, não a aspereza da morte, das pessoas que chegam os bons sentimentos, não o adeus, dos momentos que se vão à lembrança que se prende a memória eternamente, nítidas, cerrando os olhos às temos como se nunca tivessem ido embora.
Deixar-se levar por essa saudade das horas que temos a consciência de que a vida naquele instante, naquele momento do primeiro sorriso, do abraço forte, da mão estendida, da esperança concretizada, valeu a pena; Deixar-se levar pela imaginação do sonho que pode acordar conosco na manha seguinte; Deixar-se levar pela felicidade impregnada na alma que por já se ter experimentado a sabe reconhecer; Deixar-se pela vida a espera do desconhecido, que ao chegar nos da a impressão de transformar tudo ao nosso redor, deixando-nos novamente embriagados com a novidade, saudando-nos com a leveza das primeiras e eternas sensações que são incapazes de se perder com o tempo.
Eternizar os primeiros momentos, sejam eles de qualquer natureza, são sempre os que nos irradiam os olhos com um brilho fascinante, guardar as primeiras horas, os detalhes de cada instante, num lugar a salvo de todo o resto.
Guardar é o mesmo que cuidar para que nunca se perca.
D.S.L