Cai!
Tamanho o susto não sustentei o corpo levando as mãos ao chão, os joelhos então dobraram-se servindo-me de apoio, lembrei naquele instante dos momentos em que eles se dobram por vontade própria, em oração, cerrei os olhos solicitando aos céus que não me machucasse novamente.
Levantei-me, e continuei a caminhar, percebi que meus joelhos estavam arranhados, mas na hora, ainda com o corpo quente não senti dor alguma, alem da queda. Segui!
Ao despertar na manha seguinte senti algumas dores, pensei: normal, afinal de contas não se cai e se levanta sem que não haja conseqüências. Segui!
Porem em algum momento é preciso parar, e ao parar deixamos de acompanhar a tudo o que a visão nos mostra em movimento, para só então ver as coisas que de fato estão acontecendo, sendo assim espectador da realidade, deixando a atuação, o agir, o estar em cena.
A dor antes quase que imperceptível, passou a incomodar, e a cada hora, o incomodo tornava-se ainda maior, o ferimento começou a inchar, como se crescesse, como se algo de dentro pra fora fosse explodir a qualquer momento. De incomoda a dor passou a quase insuportável, e então não mais segui, pois antes era preciso sarar a ferida, cuida-la, encontrar primeiramente a verdade do que havia acontecido, para então voltar a caminhar.
Podia ter sido uma torção, um trauma, um deslocamento, mas ao consultar um especialista foi constado um “rompimento”.
O medico receitou-me repouso, cautela, apoio sobre um par de muletas e remédios, marcando retorno em sete dias.
Com o repouso me veio o silencio, então pude ouvir de dentro de mim um grito que parecia estar aprisionado, e ao se libertar, sacudiu meu corpo com sua vibração intensa e insana, não tratava de um grito de dor, muito menos de alivio, não era desespero, nem alegria, apenas assombro proveniente da constatação do modo como de fato tudo estava perdido em frente a minha vontade de me encontrar, ou ser encontrada. Tamanha a força o grito foi capaz de me calar por dias, e noites, e tardes, mantendo apenas meus olhos rasos de lagrimas que não se derramaram.
A cautela receitada fez com que todos meus pensamentos antes confusos caminhassem para uma direção, as perguntas sem respostas pouco, a pouco foram se encaixando como um quebra cabeça que começava a tomar forma, e de certo modo a fazer sentido.
O apoio preciso neste momento encontrei nos diversos ombros amigos que a vida sempre me ofereceu, no colo que me ofertaram para que se preciso fosse carregada nos braços pelos degraus que minhas pernas em dificuldade para erguer-se não podiam subir. Eis que refrigeraram minha alma, cuidando-me, enquanto o corpo convalescia.
Hoje pela manha pude caminhar sem dor, lentamente, como um filhote de pássaro que após uma tentativa de vôo frustrado, volta a bater a asa, provocando-a para voltar a voar.
Sete dias se passaram, eis que retornei ao especialista para saber se de fato estou recuperada, e assim voltar a caminhar no ritmo por mim conhecido. Fui tranqüilizada ao ouvir que posso caminhar sem medo de cair, porem não sem cautela.
Caminho lentamente; amedrontada; ainda e para todo sempre contando com ombros amigos, porem com a visão refeita, sabida da verdade antes duvidosa, consciente de que após mais esta queda, estou ainda mais forte, portanto intensamente consciente daquilo que eu definitivamente não quero para minha vida.
Assim creio ter aprendido, mesmo sabendo que por muitas vezes ainda cairei, consequentemente machucando-me, porem tentando não ser derrubada novamente e constantemente pelo mesmo motivo.
Segui!
D.S.L
As vzs é preciso caminhar antes de correr só pra aquecer.
Agora acredito que vc está devidamente aquecidade pra voltar a correr, mas nunca se esqueça de parar para respirar e descansar, isso ajuda a relaxar os musculos e evita dores.
Escrever te faz forte e feliz então se exercite com frequencia.
Te ler muitas vzs é o remédio, o alivio pra minha doença…
Te amo!
bjs
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