Há dias em que nas poucas vinte e quatro horas entre o sol, à tarde e a lua, somos sacudidos por vários sentimentos: tristeza, medo, dor, ansiedade, vontade, duvida.
E tudo o que se deseja ao chegar em casa é abrir a porta e encontrar paz, perante estas horas atribuladas, cansativas, estressantes.
Chegar em casa e encontrar seja num telefonema recebido, mensagem, e-mail, ou quem sabe ate mesmo uma carta, algo que nos traga uma boa noticia sequer.
Não são dias ruins, pode-se dizer que estes nos fazem fugir aquela velha esperança, e nos faz persistir em sorrir para que então tudo o que nos afugenta possa ir embora junto ao descanso do corpo que nos espera sobre cama.
Cerrar os olhos e aguardar quem sabe um sonho bom, para que na manha seguinte outro dia recomece sorrindo, deixando pra trás a deslealdade daquelas vinte e quatro horas que nos percorreram as veias com o mesmo furor de uma queda d’água.
Nesses dias sentimos o sangue ferver, a vista às vezes escurecer, o sono chegar com mais força, como se o corpo também suplicasse para acordar novamente, e vivenciar uma outra historia, um novo nascer do sol, da vida.
São dias em que não temos muito o que dizer, pouco podemos pensar, muito queremos agir, mas difícil saber por qual caminho optar, pois parecemos estar incapazes de pensar a melhor forma, é como se nos faltasse paciência para a própria vida.
Não sei dizer se é decorrente do cansaço “nosso de cada dia” que pouco, a pouco, vamos acumulando embaixo do tapete, ou em algum outro canto qualquer.
Sei pensar que tudo isso passa, como a chuva que se camufla no céu em dias quentes e secos, e que de repente sem que se espere se derrama pela terra, deixando um perfume no ar que nos enchi o corpo e a alma de paz.
Então logo que a chuva se rende ao chão, à alma junto aos braços abertos diante da água pesada e fresca que permitimos cair sobre o corpo, e a tudo parece limpar, tão profunda a ponto de acalmar o coração, tão doce que parece tirar da boca o gosto amargo de dias como estes: secos e quentes; onde até mesmo o tempo parece parar, onde vemos nossa historia em pausa, a espera do que a natureza tem a nos dizer.
O corpo de tão quente, parece doente, febril, o coração se contorce dentro do peito a espera de respostas num terreno onde momentaneamente, assim como num labirinto nos perdemos em perguntas.
Há dias em que tudo perde o sentido antes parecido encontrado, há dias em que tudo o que se quer é adormecer sobre um cobertor de paz, frescor e esperança. Para então levantar em uma manha onde nada novamente se sabe, como todas as outras quando nem a certeza do sol nos é possível.
D.S.L