Relacionar-se a cada dia que passa torna-se tarefa cada vez mais árdua. Culpa dos tempos que são outros, culpa de nós mesmos que ao invés de crescermos, regredimos em incompreensão, mentimos pra nós mesmos porque a própria verdade nos assusta.
Os sentimentos verdadeiros parecem estar em extinção. O amor em todas as suas formas vem sendo confundido com qualquer porcaria, com qualquer “sentimentozinho” barato que facilmente pode ser vendido, esquecido, ignorado.
Essa confusão vai além da parceria formada por um casal.
É nítido o quanto o ser humano anda perdido em relação a seus próprios sentimentos, acho que por isso a insanidade tem se apoderado das pessoas como uma nuvem de chuva que vem mansamente e encobre a luz do sol .
Amigos são feitos sem o mínimo de critério, já não precisa ter muita simpatia, concordância, o que vale é a diversidade, em certo ponto estou de acordo, pois tenho amigos de todas as cores, de todas as raças, de todas as tribos, porém essa diversidade pode ser prejudicial transformando-se algumas vezes em adversidade, e assim passa-se a conviver com pessoas arrogantes, insensíveis, chatas, burras, que julgam demais e se olham de menos, infectadas por uma espécie de vírus do egocentrismo.
Para essa espécie de “amigo” o importante é não estar sozinho, mesmo que o único objetivo para estar junto seja invejar, machucar, mal querer. Já não se fazem amigos para todas as horas: tristes, alegres, as que você precisa ser ouvido, as que precisa falar, escutar, silenciar, sentir. É a famosa amizade reciclável, você usa-o para ir à balada e depois: “lixo”; para se fazer ouvir e logo em seguida quando bem melhor sentir-se: “tchau”.
A famosa guerra dos sexos tem aniquilado cada vez mais “soldados”, tenho observado os casais que se formam… Deus! A compatibilidade entre eles é a mesma existente no ato sexual de um elefante com uma formiga.
Permanecem juntos por “n” motivos, se perguntando quando logo tudo termina o porquê de tão pouca duração, eu lhes respondo: “n” motivos os mantiveram juntos por algum tempo, mas sem amor verdadeiro, os outros infinitos motivos perdem completamente o sentido.
E o que é amor verdadeiro?
Não existe formula, nem uma lista de sintomas, mas com toda certeza ultrapassa a vaidade movida pela beleza, os benefícios que se pode obter estando junto, as carências, ao medo da solidão, a ausência de sonhos ou vida própria.
É querer acima de qualquer circunstancia estar perto, ter nos olhos a certeza de que ao ver-se no outro a vida faz mais sentido, amor verdadeiro é o que resta quando a paixão, tesão, ou encanto deixam de existir, desdobrar-se para evitar uma discussão e dobrar-se se necessário pedindo perdão, é tudo o que sobra e não cabe em um abraço, senti-se medo de pronunciar a palavra amor por tão sagrada ela ter se transformado, perder-se pela madrugada e ao amanhecer encontrar-se consigo mesmo estando nos braços de outro, sentir que a conversa é especial e que juntos terão assunto por toda a vida, é querer dividir, somar, ir além, pois ir além é o mesmo que sonhar, e não há amor que não abrigue “o sonho louco do querer em excesso”.
O mal do século não esta na solidão, mas na falta de sinceridade, nas maquiagens, mascaras, no olhar apático de quem se perdeu no próprio vazio por não saber mais como ser “de verdade”.
D.S.L