Sempre ouvi a celebre frase: “trata-se de um clássico” sobre certas musicas ou artistas, de alguns críticos, ou até mesmo na televisão em reportagens, etc.
Ontem assistindo a um programa de televisão, anunciaram que iriam entrevistar a revelação deste ano na musica brasileira, fiquei na expectativa de surgir algo divino na tela, portanto tratei de espantar o sono com uma xícara de café e fiquei esperando a tal “revelação” surgir, sedenta dessa novidade musical.
Eis então que surge a tal revelação e para minha surpresa, ou melhor, decepção, trata-se de mais uma dessas revelações efêmeras, que nada acrescentam, que nada tem a dizer. Ainda se fosse só isso, o pior é ver como os ditos “revelações” de hoje em dia mal sabem o que estão cantando, pra quem cantam, ou porque cantam, perdidos em palco cheio de confetes criados pela mídia que também pouco tem tido para oferecer aos sedentos de musica como eu.
Clássico, revelação há muito tempo não me deparo com uma.
A musica popular brasileira perdeu-se diante da realidade em que vive o mundo de hoje, como já dizia o diretor teatral Antunes Filho: “estamos tão carentes de uma palavra, que nos tempos de hoje qualquer palavra nos serve para seguir uma direção”.
Estamos tão carentes de musica que qualquer coisa nos tempos atuais é chamado de clássico. Essa carência estende-se a tudo mais: vida, sentimentos, livros, crença.
As pessoas andam tão perdidas que tomam pra si religiões que as escravizam, relacionamentos que as viciam, emoções que as fazem ter uma espécie de meios sentimentos, amizades superficiais, tudo muito efêmero, muito raso, nada profundo, e assim ficam a beira do rio, submersos em lama, ao invés de mergulhar em águas frescas, claras e satisfatórias para a alma que em essência jamais se conforma com pouco.
Clássico em minha opinião é aquilo que perpetua, é como esperar todo final de ano pelo especial do Roberto Carlos, a gente sabe que é a mesma coisa todos os anos, mas nos mudamos, e é incrível como a musica, a melodia, é capaz de nos transportar para aquele momento que aquela canção eternizou, nos fazendo voltar a quem fomos, ou aquilo que sentimos.
Roberto Carlos é só um exemplo, temos tantos outros clássicos, que há muito tempo não nos presenteiam com algo novo, talvez por saberem que nos tempos atuais quase ninguém os daria “ouvidos”, literalmente falando!
Dou nome a tudo isso: “poluição sentimental”. Aprofundar-se, permitindo que uma música, um filme, ou qualquer outra coisa nos toque é o mesmo que abrir as portas para um auto conhecimento, e diante dessa abertura seria possível conhecer-se verdadeiramente, isso renderia uma projeção de surtos psicológicos ao se constatar o vazio que preenche a maioria dos corações nestes “tempos modernos”, onde viver sentimentos verdadeiros, canta-los, assisti-los ou ainda declama-los, esta completamente fora de moda.
Clássicos por andam vocês?
D.S.L
* Titulo em menção ao texto de Jorge Andrade
Visitei seu blog e gostei muito do que você escreveu. Já está nos meus Favoritos!
Por isso, gostaria de convidar você a participar do blog “Duelos Literários”, no qual as pessoas criam textos sobre temas de sua escolha e os textos são postados no próprio blog.
Passe por lá e, se gostar da proposta, participe!
duelosliterarios.blog.terra.com.br
Um abraço e parabéns pelo seu blog!
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Valeu ter passado pelo Duelos!
Quando quiser, é só deixar qualquer texto lá, sobre qualquer tema, que a gente inclui. Se quiser, claro!
Um grande abraço e ótimo 2009 para você!
P.S.- Posso deixar uma dica? Para acertar a data, entre em Configurações Gerais e no formato data retire os “de”. O horário é UTC-2. (Desculpe se me intrometi demais…)
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Escriba… amei “poluição sentimental”. Demais! Mergulha linda escriba, mergulha! Muitos beijões!
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