“Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós, tenho que apagar a luz, tenho que calar a voz, tenho que encontrar a paz, tenho que folgar os nós”*
O que de fato é preciso para falar com Deus? Concordo com os versos acima, e poderia acrescentar inúmeras outras coisas necessárias para falarmos com Deus. Creio na minha pecaminosa e talvez desorientada opinião, que é primordial ter humildade, acho que o primeiro passo é aceitar a hierarquia: “eu sou isso” e você é Deus.
Falar com Deus, ou sobre Ele, é um caso tão serio e cheio de mistérios que a humanidade por todos os seus longos anos persegue respostas em busca de saber esse Deus.
Cada um tem seu ponto de vista, para alguns tudo é bíblico, para outros nem tudo, para outros tantos é fantasia, Ele nem existiu, ou é parte ilustrada de uma verdade inventada pela própria humanidade para sentir-se menos humano talvez, alimentando o sonho de nossa imortalidade ao menos como espírito.
O resultado desses inúmeros pontos de vista sobre quem é Deus, é a multiplicação de ministérios, religiões, doutrinas, seitas, denominações, acredita-se que existam mais de dez mil religiões espalhadas mundo a fora, e se a maioria delas crê em Deus, porque não as unificar, porque não somar umas as outras, porque não transformar todas essas pessoas espalhadas por essas religiões em um grande exercito a favor do bem e do próximo?
Posso não saber responder muitas outras perguntas, mas essa tristemente conheço a resposta, nos não estamos preocupados com quem é Deus, ou com o que Ele quis dizer ou deixar para a humanidade, estamos com os olhos voltados para nos mesmos, para o Deus de cada um, é impossível formar esse exercito enquanto Deus não for sinônimo único e indissolúvel do bem, do amor, da esperança e do outro.
Não posso lhe dar a mão por que minha religião é intolerante a mulheres solteiras, você é negro não pode ser filho de Deus, você é judeu minha religião é contra, você é mulçumano não podemos caminhar juntos, Deus me livre você é gay, abominável, endemoniado, minha religião não acolhe pecadores.
Sua fé é do tamanho da sua religião? Onde esta o Deus que proclamava não fazer acepção de pessoas?
Quatro palavras difíceis de se unirem, tão difícil quanto unificar a fé acreditando que Deus é um só.
Prefiro enxergar Deus, vejo-O vivo no jovem que vence, no rico que não se mostra soberbo, no pobre que diz ter tudo e que leva a vida a sorrir, a cantar, e ainda a compartilhar o seu tudo. Gosto de pensá-Lo, de conversar com Ele, senti-Lo próximo como se estivesse envolta em seu abraço, entrego-lhe a permissão de cuidar da minha vida e isso é como dar-lhe autorização para varias surpresas, altos e baixos, silêncios desconcertantes idênticos ao de um deserto, tempestades, períodos de seca, de luta, de semeio e enfim de florescer. O tenho sempre perto, falar Dele deixa-me emocionada, pois reconheço todas as vezes em que fui salva mesmo sem merecer, reconheço seu perdão quando Lhe faço interrogatórios, e principalmente quando a Sua vontade não é a minha.
Falar de Deus ou sobre Ele é muito complicado, mas falar com Ele é uma experiência que ate os ateus deveriam tentar, é uma dádiva olhar o por do sol e se deixar envolver magicamente nessa manifestação gigante da natureza reconhecendo que uma força superior desenhou aquelas cores no céu, reclinar o corpo em sinal de humildade, dedicando-lhe alguns poucos instantes, sem palavras se lhe for mais confortável, acredite Ele lê pensamentos e ouve até sussurros, e mesmo aos que por qualquer motivo, político, individual, filosófico ou cientifico não acredite Nele, Ele jamais duvidaria de você.
Sei dizer que Deus é pra mim toda manifestação de amor que existe no mundo, e amor não se explica.
*trecho da musica de Gilberto Gil – Se eu quiser falar com Deus