Para tantos outros é apenas uma questão de mudança de tempo, anuncio de final de ano, começo de um novo horários, para muitos é hora de reclamar das tardes chuvosas, das brisas leves, às vezes quentes que deixam o ar seco, noutras inerte, o qual parece determinar ao tempo uma parada invisível.
Nada além de mais uma estação.
É a primavera!Cantada, escrita, proseada.
Bem vinda primavera!
Deleito meus pés em cobertores de folhas secas que deixarão de existir, para que flores de infinitas cores possam nascer, revitalizando a vida, desabrochando perante meus olhos; e em mim trazendo luz de uma nova cor que ainda desconheço.
Talvez a cor de um novo olhar, quem sabe a melodia suave de um coração que enfim descansara de batidas alternadas e descompassadas, dando lugar a uma sinfonia que fará sentido junto ao som das tardes de vento leve que irão acompanhar-me.
Quero paz nessa nova era, quero sentir minha alma valsar por entre nuvens brancas, de um céu brando, decorado por desenhos que pintarei a quatro mãos; desencadeando sonhos tímidos, lindos, doces como os cheiros suaves que permeiam o tempo nesta minha estão tão querida, tão esperada, que chegara pintando um arco íris guardião de um tesouro incalculável de amor, alegria e verdade, o qual minhas mãos tremulas, cansadas e cheias de vazios sonham tocar.
Nove meses, este é o tempo esperado, exato para a concepção de uma nova vida.
Nove meses, plantando sementes aqui e ali, como uma borboleta de flor em flor que enfeita todo um jardim, nove meses a tua espera, minha linda primavera.
És bem vinda ao meu coração!Grito pelo teu nome como quem espera por alguém num encontro marcado.
Que venhas sem fim, enfim, sem pressa, eterna.
No verão paixão, no outono espera, no inverno reflexão, e amor em primavera.
Querubins anunciam tua chegada, arcanjos dançam em torno de tuas noites enluaradas, anjos, serafins, 0seres encantados, peço como que louca por esse tempo que
tragam a mim, atreladas em suas asas o amor que seja sem fim, lúdico de encanto aos olhos, verdadeiro perante a dura dor da realidade deste ser que sou que
tantas vezes ardeu em sofrer e lagrimas por olhos cansados que esperavam pela tua chegada.
Deslumbra-me sutilmente para que eu possa reconhecer-te aos poucos, não te chegues com atropelo, não venhas correndo, pois quero acompanhar tua chegada como quem assiste a uma criança que não tem pressa de terminar sua brincadeira com o vento, segurando nas mãos um cata-vento.
Encanta-me, sucumbindo assim todo o vago momento que passei em solidão, envolve-me com teus braços e abraços, segura-me com a tua sensibilidade, ama-me sem
mais demoras, sem nem menos se quer um minuto de espera, que tu venhas assim, junto a esta primavera, e que fique por todas as outras, para quem em nenhum momento eu precise esperar por outra.
Que seja enfim, a minha primavera sem fim.
D.S.L
Entre linhas, virgulas, etc. 