Pode ter sido falta de sorte, como pode ter sido uma escolha falha.
Final de semana em casa, sozinha, sarando uma gripe(graças a Deus não é a suína), é equivalente a passar em uma locadora, supermercado, farmácia, e estacionar em casa, hibernando munida desse kit de sobrevivência.
Achei que iria sobreviver ao tédio de estar condicionada a muita tosse, dores e tudo mais que uma gripe pode oferecer, certa de que filmes, comidinhas gostosas e uma variedade imensa de anti-gripais, iriam me trazer algum alivio.
Valeu a ida ao supermercado e a farmácia, as comidinhas e os anti-gripais atingiram o efeito desejado, quanto aos filmes tristemente não posso dizer o mesmo, isso porque sou “rata” de locadora.
Acumulo uma boa quantidade de títulos em meu currículo de cinéfila assumida, e raras foram as vezes que me decepcionei, porem dessa vez algo que já vem ocorrendo a um certo tempo começa a me chamar atenção de forma incomoda.
Aluguei quatro títulos, um drama, dois romances e uma comedia.
O drama me deu sono, os romances dor de cabeça e a comedia, riso nenhum, não surtiram efeito e então tive um mal estar pior do que o da gripe.
Não sei o que anda acontecendo, não sei se escolhi errado, não sei… Mas os filmes andam estranhos, já não são os mesmos, já não tocam da mesma forma.
É inconcebível ver um filme, ouvir uma musica, ou ler um texto, sem que de alguma forma algo mude, nasça, cresça, volte. A arte em qualquer forma, foi feita pra tocar, pra evidenciar beleza, dor, espanto, medo, emoção.
O cinema esta carente de emoção, é mais uma veia no mundo com o sangue prensado, coagulado, não flui, não pulsa, esta frio. Percebo que há uma atenção redobrada em luz e câmera, e falta exatamente o primordial: a ação, a emoção, a comoção.
Tudo parece mecanicamente feito de forma a se registrar o melhor ângulo, a luz mais favorável a cena, a produção impecável, tudo tecnicamente muito bem feito, porem falta historia, conteúdo, paixão. É como se tudo estivesse voltado para os olhos da critica, do comercial, das bilheterias.
Antes ao ver subir na tela os créditos de um filme, sentia-me revigorada, cheia de algo muitas vezes doce, noutras surpreende, ficava numa espécie de êxtase, e então para saborear mais uma vez todas as sensações que aquele titulo havia me trazido, revia o mesmo filme diversas vezes, ultimamente tenho sentido impaciência, e só não desistido logo no inicio, pois persiste a esperança de que no decorrer do enredo aconteça algo inesperado, como deve ser a boa e velha arte cinematográfica.
A emoção muitas vezes mora na imperfeição, naquilo que não sai como o planejado, no que acontece longe do controle das nossas mentes, existem coisas que não precisam ser lapidadas, pois abruptamente já nascem perfeitas, assim livram-se da mesmice, do que é igual, e que já não convence.
Luz, Câmera e EMOÇÂO!
D.S.L
Minha querida escriba, o cinema acabou, a música acabou, a literatura acabou. Só restou o ser humano, imbecil e predador, com a sua ganância.
PS: assista filmes antigos, ouça músicas antigas, leia os clássicos.
CurtirCurtir