Para recordar um amor do passado – Parte II

Ele estava tão calado, eu não conseguia parar de falar, acho que isso o inibiu, ele sorria e me olhava, queira saber no que ele pensava enquanto sorria, talvez sorrisse descrente, acreditando que poderia estar em um lugar bem melhor, com outra pessoa, ao invés de ficar me ouvindo dizer coisas e mais coisas sobre a minha vida, que é ate bastante interessante, mas que é vazia, vazia por não telo a meu lado. Calei-me na esperança de que talvez o silencio o fizesse começar qualquer conversa sobre nos. Olhei no relógio e lembrei de como o tempo passava rápido quando eu estava com ele, sorri e então ele me perguntou do que ria, porem não quis responder, sorri novamente e então ele arriscou dizendo que eu havia lembrado de c omo o tempo passava rápido quando estávamos junto, não pude negar que ele havia acertado. A conversa sobre nos, foi mais uma vez adiada, pois o relógio marcava dezessete minutos para a meia noite. Hora do espetáculo, disse ele.
Levantamos da mesa. Eu não havia reparado, mas a praia já não estava deserta como na hora em que nos encontramos, as pessoas esperavam pelos fogos que iluminariam o céu anunciando a chegada de mais um ano, dividimos a conta por imposição dela, afinal de contas sou um romântico a moda antiga, sendo inaceitável que uma dama ajude nas despesas de uma passeio. Ela virou-se pra mim e disse que antes de irmos para o centro da praia precisava ir ao banheiro, enquanto eu a esperava pensava numa forma de me aproximar. Quando ela retornou eu nada tinha de concreto em meu pensamento para que tal aproximação acontecesse, porem num impulso, quase que desesperado, ergui minha mão em sua direção e olhando no mais profundo de seus olhos pedi: Venha! Ela veio. Quando sua mão tocou a minha, nossos olhos automaticamente se encontraram, com a mesma magia do começo de nossa historia, o encanto que eu imaginei ter se perdido no tempo, estava ainda mais vivo, ainda mais forte e doce. Os quatro anos passados distante dela não existiam mais.
Quando ele tocou minha mão, sorri, e sem que ele percebesse a caminho do píer, sequei uma lagrima que não pude conter.
Não conseguia pensar em nada para dizer a ela, só sentia minha mão junto a dela, estavam unidas, suadas, tremulas. A única frase que me vinha a cabeça era: eu amo você. Enfim chegamos ao píer, ela parou a minha frente, abracei-a devagar, sem força, a apertei em mim, cerrei os olhos, inalei seu cheiro, toquei seus cabelos, mal podia acreditar, meu corpo se arrepiou, estava em êxtase, ela passou as mãos lentamente em minhas costas enquanto me abraçava, não havia se esquecido do quanto eu gostava desse carinho, voltei a cabeça para o rosto dela e ainda abraçados, beijei-lhe a face, queria sua boca, mas ainda não tinha certeza de que era isso que ela também procurava, quando resolvemos dizer alguma coisa, os fogos subiram ao céu, como as estrelas cadentes que admirávamos juntos em um tempo antigo. Ela deixou meu abraço para admirar melhor os fogos, vi todo aquele colorido do céu passear naqueles olhos, em um momentos ela os fechou, sorriu e rodopiou no tempo, no ar, como um anjo que saúda uma benção, ouvi ela agradecer a Deus, não sei ao certo o que ela agradeceu, mas eu agradeci por estar ali, por estar com ela, por amar aquela criatura tão divina.
Quando abri os olhos e o via a minha frente, me olhando com o mesmo olhar de quanto tinha dezenove anos, a vida novamente pareceu se resumir em nos, naquela nossa historia, nesse nosso amor de sempre. Permiti que a primeira lagrima deixasse meus olhos, o abracei dizendo: Feliz Ano Novo. Passei a mão em seu rosto e então meus dedos se depararam co m uma gota de amor, de saudade, de felicidade. Olhamo-nos mais uma vez e então o beijei, e beijei, e sussurrei em seu ouvido toda a saudade, todo o amor.
Depois que ela me disse tudo o que mantinha em segredo no seu coração, gritei para ela, para o ar, para o tempo, para o mundo, para a distancia que eu a amava, tomei-a em meus braços novamente e rodopiei com ela em riste, toda a noite se iluminou, ela mais parecia um anjo e junto a todas aquelas luzes, imaginei estar no céu por um instante.
Ficamos juntos ate o nascer do sol, sorrimos, sonhamos, traçamos um futuro, novos dias, sem todo aquele sufoco de todas as noites, sem o tormento de não saber um do outro, tudo estava tão perfeito, temi.
Caminhamos para o hotel, não me cansava em sorrir, o brilho nos olhos dela era tudo o que queria ver pro resto da vida, todos os dias. Adormecemos exaustos de tanto amor, de tanta vida, relutei em dormir só pra continuar olhando para ela, mas o sono chegou sor rateiramente, adormeci.
Acordei sorrindo, o procurando na cama, ele não estava. Chamei seu nome, ele não respondeu.
Mal abri os olhos, meus braços a procuraram, a cama estava vazia, sorrindo levantei e caminhei ate a janela, estava em minha casa e a vista não dava para o mar, não estava em hotel, o cheiro dela não existia nos lençóis que cobriam minha cama.
Mais um sonho. Tenho que parar de pensar nele. Vai ver ele nem se lembra de mim, não depois de tudo o que houve.
Ainda na janela chorei desesperado, mais um sonho, lamentei. Nada alem de um sonho
Duas pessoas que ainda se ama, mesmo sem saber, podem sonhar o mesmo sonho.

"Está escrito: As coisas que o olho não viu e o ouvido não ouviu. E não subiram ao coração do homem. São aquelas que Deus preparou para os que o amam" I Corintios 2-9

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Autor: ela...

Elaine. Ela. Helena. 17. Setembro. Há alguns anos atrás. Ascendente em peixes. Brasil. Santista de nascimento. Baiana de descendência. Mineira de coração e endereço. Muitas e de muitos tamanhos. Letras, palavras, frases. Nossa Senhora Aparecida. Família. Música. Sol. Brisa. Luar. Prefiro mar. Branco. Tenho uma irmã mais nova. Minha maior paixão tem mais de 100 anos. Abraço. Meu pensamento é hiperativo. Tenho os melhores amigos. Cometo ao menos um erro todos os dias. Converso com Deus. Já mudei de emprego três vezes, já mudei de vida outras varias. Por do sol. Não faço nada sem dois ingredientes: paixão e entusiasmo. Primavera. Beijo. Horizonte. Esperança. Cinema, quadros, composições. Já machuquei quem não merecia. Olhar. Exagerada e sensível. Carente. Bagunceira. Transparente. Meu primeiro livro publicado e grande orgulho: Quando Florescem as Orquídeas. Tenho um blog e uma coluna semanal em um jornal do interior. No mais sou abençoada. Sei dizer apenas que tudo passa!E que eu sou bem feliz! D.S.L

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