O sabiá plantador

A euforia da chegada foi embora, fica a ressaca, não das muitas taças de espumante, mas sim do sabor dos dias que parecem os mesmos, e de fato são, o que pode e deve mudar somos nós (lá vem essa menina com velhos clichês). Que tal voltar a acreditar em um velho sonho? Pode ser aquele mais improvável, engavetado, o mesmo pelo qual você tanto se entristeceu no ano que foi embora, aquele mesmo que lhe tirou o sono de tanta esperança e não aconteceu. Prometa a si mesmo que fará o possível novamente para que ele aconteça, é seu sonho, é você, não desista.

Dois mil e dezessete podia ser como a pagina mais bonita de um livro, aquela que de tão bela nos faz decorar as frases, podia ser aquele trecho da história em que o guerreiro venci a si mesmo, o final feliz de um amor possível, aquele capitulo em que os vilões vão para a cadeia e o bem triunfa em paz, forte e eterno.

O terreno foi arado, a chuva o deixou forte, vivo novamente, ele esta pronto para as boas sementes que serão plantadas e colhidas no tempo certo. As flores hão de encantar, e dos galhos frutos maduros alimentarão a esperança, e assim quando mais tarde a colheita terminar, e o solo novamente estiver desejoso por novas sementes, a alegria me fará querer plantar mais e mais em um ciclo de recomeço sem fim, onde minhas mãos sempre estarão afoitas por aprendizado, o ouvir sedento por sabedoria e os olhos ardentes por beleza.

Deixa ser assim: que me seja permitido não saber, não ter certeza, só sentir. Deixa ser assim: errante, dona de medos inacreditáveis, mas louca por um par de asas. Deixa minha crença solitária, meus pés fora do chão, deixa minha confusão, deixa eu me acertar ou não.

_Mas desde quando você é “assim”? O que aconteceu para acreditar nessas coisas?

Por volta dos quatro anos, enquanto meu pai tratava de seu sabiá engaiolado (é horrível eu sei), observei como ele abria a gaiola, com ela ainda no chão, e ele afastado tomando café; sozinha com o pássaro, abri a portinhola e o soltei. Quando meu pai retornou e ergueu a gaiola para pendura-la percebeu que ela estava vazia, indignado perguntou-me o que havia acontecido, com toda inocência de uma criança respondi que queria ver o pássaro voar, papai fitou-me por alguns instantes com o rosto endurecido, para em seguida sorrir um riso triste, foi quando acarinhei seu rosto e lhe disse com doçura: _ele vai voltar papai, ele vai voltar.

Na manha seguinte o pássaro estava na gaiola, a portinhola ainda estava aberta, e a liberdade do sabiá a um bater de asas, mas ele parecia encantado pela menininha a sua frente que o recebeu com a alegria de um grande milagre: _ele voltou papai – ouvia-se – pela casa: ele voltou!

Nesse dia os pequenos olhinhos daquele pássaro plantaram no coração daquela menina a certeza de que a esperança vence o que todos julgam impossível. Após alguns anos, quando recordou essa historia soube que grandes ou pequenos: milagres são milagres; possíveis a todos que tem fé, perseverança, e encanto.

Acredite no seu milagre.

D.S.L passaro

Autor: ela...

Elaine. Ela. Helena. 17. Setembro. Há alguns anos atrás. Ascendente em peixes. Brasil. Santista de nascimento. Baiana de descendência. Mineira de coração e endereço. Muitas e de muitos tamanhos. Letras, palavras, frases. Nossa Senhora Aparecida. Família. Música. Sol. Brisa. Luar. Prefiro mar. Branco. Tenho uma irmã mais nova. Minha maior paixão tem mais de 100 anos. Abraço. Meu pensamento é hiperativo. Tenho os melhores amigos. Cometo ao menos um erro todos os dias. Converso com Deus. Já mudei de emprego três vezes, já mudei de vida outras varias. Por do sol. Não faço nada sem dois ingredientes: paixão e entusiasmo. Primavera. Beijo. Horizonte. Esperança. Cinema, quadros, composições. Já machuquei quem não merecia. Olhar. Exagerada e sensível. Carente. Bagunceira. Transparente. Meu primeiro livro publicado e grande orgulho: Quando Florescem as Orquídeas. Tenho um blog e uma coluna semanal em um jornal do interior. No mais sou abençoada. Sei dizer apenas que tudo passa!E que eu sou bem feliz! D.S.L

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